À NOITE

Esta noite senti medo e pensei em você.
Pensei em mim, em nós dois, e tive mais medo.
Parece a cada dia crescer a distância entre eu e eu mesmo.
À noite, labirinto de aflições, me acolhe com estranha frieza.
Vejo fantasmas, vultos, e acordo assombrado.
A madrugada se arrasta lentamente, e eu com pesar,
Pela casa procuro em todos os cantos, até encontrar,
E o que vejo me assusta:
Vejo você nos braços de outro, um jovem sorridente e altivo,
Robusto e valente,
Tranqüilo e feliz,
E que era eu!
Desolado, volto para a cama, onde a morte
Me procura fleumática,
Me bulina, me azucrina e me abandona,
Quando o sol vem!

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